sexta-feira, 15 de abril de 2011


Necrochorume - Uma Verdadeira Ameaça

Voltando ao propósito do projeto e ao mesmo tempo deixando um pouco de lado alguns aspectos a respeito dos cemitérios até aqui, gostaria de mencionar sobre um líquido oriundo de cadáveres que além de ser um problema de saúde pública sério, acarreta fatalmente impacto ambiental tanto no solo, como nos lençóis freáticos em locais onde se situam os cemitérios tidos como convencionais que não se adequaram a resolução da CONAMA, datada de 2003, e que até o momento quase 90% dos cemitérios públicos (a grande maioria começou a funcionar antes da década de 1970) no Brasil sequer se lixam para alguma adequação a regras de como o cemitério deve ser disposto.

O papo de hoje pode soar como mórbido, porém o tema principal é o responsável-mor pela poluição dos lençóis freáticos em regiões em torno de necrópoles. Pouca gente se dá conta de que os mortos podem ser grandes poluentes de forma real e imediata...

O porque disso ?

O Necrochorume nada mais é que um processo de decomposição de um ser vivo, que ao todo leva em média 2 anos e meio e que acarreta a formação em estado líquido. Esta substância é eliminada durante um ano após o sepultamento. Para ser franco, o necrochorume é um escoamento viscoso, com coloração acinzentada, cuja composição é 60% de água, 30% de sais minerais e 10% de substâncias orgânicas, duas delas altamente tóxicas, a putresina e a cadaverina, que com precipitação em forma de chuva, atinge o lençol freático. Voltando ao primeiro parágrafo, foi constatado que desses 90% das necrópoles tidas como irregulares, 3/4 deles estão com solo e lençol freático comprometidos. As causas básicas são duas : Despreparo no cuidado do sepultamento e localização em terrenos inadequados. Segundo a Legislação Ambiental vigente, o limite entre a cova e o lençol freático não pode ser menos de 2 metros. Mesmo diante dos riscos, não há legislação específica e nem mesmo um órgão dedicado a fiscalizar contaminações de quaisquer escala e até a literatura sanitária sobre o tema é escassa. Conclusão: cada município fica com uma carga de responsabilidade para resolver este assunto e os prefeitos e secretários ligados ao Meio Ambiente, Saúde e Planejamento ficam sem saber o que fazer. Vale lembrar que todo cemitério é um risco potencialmente grande para o Meio Ambiente. Porém, só é um risco real quando não está implementado de forma adequada.

Como é essa forma ?

Avaliação de Condições Geológicas (tipo de solo) e Hidrogeológicas (profundidade do aquífero). Todavia, as prefeituras em geral, optam terrenos de baixo custo financeiro sem verificar os detalhes que podem ser cruciais na vida populacional nos próximos anos. E outro agravante é que até mesmo autarquias ligadas ao aspecto ambiental fazem um jogo de empurra-empurra, ora com as prefeituras, ora com órgãos estaduais e federais. Enquanto isso, aumentam-se os riscos na saúde pública. Foram realizados estudos sobre o assunto e foram constatados que as pessoas que ingeriram bebida contamida com necrochorume, com o passar dos anos adquiriram moléstias interligadas ao necrochorume. Ou seja, adquiriram doenças herdadas por cadáveres de pessoas enterradas num cemitério que pode se localizar há quilômetros de distância !!! Pode soar como absurdo ou uma teoria do caos, mas é um fato comprovado quando há descaso na manutenção das necrópoles de forma adequada. Apesar de esforços esporádicos, a complexidade do assunto impede de haver uma análise mais profunda e nem mesmo um senso comum de métodos para classificar o impacto ambiental dos cemitérios está sendo possível. Um dos esforços vem de Curitiba, mais precisamente do Cemitério Parque São Pedro, inaugurado em 1996, que foi implementado totalmente de acordo com as normas ambientais e em parceria com os departamentos de Geologia e de Química da UFPR (Universidade Federal do Paraná). Foram realizados estudos e obras que conduzem o necrochorume para um filtro biológico, impedindo assim qualquer possibilidade de haver qualquer tipo de contaminação. Mas ainda é muito pouco diante da omissão constante sobre o necrochorume, um assunto sério de Saúde Pública e Meio Ambiente.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

PRIMEIROS SOCORROS EM EMERGÊNCIA DE ANIMAIS DOMÉSTICOS!!!
Sangramento:
Aplique pressão direta e firme na área com sangramento até que o mesmo pare. Mantenha pressionado por pelo menos 10 minutos (continuamente soltando a pressão para verificar se a ferida está coagulando). Evitar bandagens que cortem a circulação. Chame o veterinário imediatamente.

Superaquecimento:
Coloque o animal em uma banheira e dê um banho de água fria, ou gentilmente encharque-o com uma mangueira de jardim ou envolva-o em uma toalha molhada com água fria. Não esfrie demais o animal. Pare de esfriá-lo quando a temperatura retal atingir 38 graus.


Queimaduras (química, elétrica e por calor):
Hidrate a queimadura imediatamente com grande quantidade de água corrente fria. Aplique bolsa de gêlo de 15 a 20 minutos. Não coloque a bolsa de gelo diretamente sobre a pele. Embrulhe em uma toalha ou cobertor leve. Grande quantidade de produtos químicos secos devem ser retirados gentilmente do animal com uma escova. Esses produtos químicos podem ser ativados pela água causando queimaduras.

Parada Respiratória:
Controle para ver se o animal está em sufocado com a ingestão de algum objeto. Se o animal não estiver respirando, coloque ele em uma superfície com o lado esquerdo para cima. Verifique os batimentos cardíacos ouvindo pela área onde o cotovelo toca o tórax. Se você notar batimentos mas não a respiração, feche a boca do animal e respire diretamente dentro do nariz dele e não da boca até que o tórax se expanda. Repita esse procedimento umas 12 a 15 vezes por minuto. Ao mesmo tempo, se não tiver pulso, aplique massagem cardíaca. O coração está localizado na metade inferior do tórax atrás do cotovelo da perna dianteira esquerda. Coloque uma mão abaixo do coração para sustentar o tórax. Coloque a outra mão acima do coração e comprima gentilmente. Gatos e animais pequenos recebem massagem cardíaca com pressão do tórax através do polegar e indicador de uma das mãos. Aplique massagem cardíaca de 80 a 120 vezes por minuto em animais maiores e 100 a 150 para os menores. Alterne massagem cardíaca com respiratória.
IMPORTANTE:
até nas mãos de um veterinário bem treinado o sucesso da ressucitação geralmente é muito baixa. O sucesso aumenta um pouco nos casos de afogamento ou choque elétrico.

Fraturas:
Coloque uma focinheira no animal e procure Sangramento. Se você puder, controle o sangramento sem causar maiores ferimentos. Procure por sinais de choque. NÃO TENTE CONSERTAR A FRATURA puxando ou deslocando o membro. Transporte o animal ao veterinário imediatamente, segurando a parte ferida da melhor forma que puder.
Envenenamento
Muitas vezes o pronto atendimento salvará vidas, mas infelizmente nem sempre é possível levar o animal envenenado imediatamente ao veterinário. Evitar muito barulho ou manuseio pois ele pode estar hiper-excitado pelo veneno. Se viu a hora que ingeriu a toxina, tentar fazê-lo vomitar com agua morna + espuma de sabão (usar uma seringa descartavel para isso) ou agua oxigenada+ agua+sal. Se não der certo, não repetir o procedimento. Se não sabe quando foi a ingestão, bater clara em neve e administrar. Em qualquer caso levar imediatamente em carater de urgência para uma clinica de urgência veterinária.



Diarréia:
Suspenda a alimentação por 12 a 24 horas menos a água. Algumas vezes animais que parecem estar fazendo força estão com dores causadas pela diarréia mais do que constipação. Tentar tratamentos caseiros sem saber a causa real pode fazer as coisas piorarem. Se não houver vômito, usar soro caseiro ou agua de coco para reidratar. Recolher uma amostra das fezes e levar para o veterinario avaliar e tratar. Pode ser sintoma de virose, parasitas, intoxicação.

Convulsões
Movimentos súbitos e involuntários, o animal cai, debate-se. Pode ser epilepsia, envenenamento, doenças infecciosas,etc. O importante é proteger a cabeça, colocando uma almofada embaixo. Se ele estiver mordendo a língua, cortando-a, tentar abrir a boa com uma colher, algo que não quebre. NUNCA USAR AS MÃOS. Tentar manter a cabeça e o pescoço bem esticados para não prejudicar a respiração.Observar bem as características do ataque, anotá-las e assim que possível levar ao veterinário.
Existem ainda muitas outras condições, como choque, ataque de porco-espinho, choque anafilático (alergia aguda a produtos químicos ou alimentos), colapso cardíaco, torção gástrica, ingestão de corpo estranho, quedas, etc. Em TODAS estas emergências, deve-se envolver o animalzinho em um lençol, colcha ou seu proprio cobertorzinho e transportá-lo o mais rápido possivel para o veterinário. Ele é adestrado para saber agir nestas horas e solicitar exames adequados, se for preciso.


Choque:
Pode ocorrer com machucados sérios ou medo. Mantenha o animal gentilmente preso, quieto e aquecido.


Cortes nas patas (vidro ou algo cortante)
* limpar a ferida com agua gelada e aplicar salsa amassada sobre o ferimento, pois tem propriedades antihemorrágicas.usar atadura ou um pano limpo para fazer uma compressa. Não utilizar compressas elásticas pois pode provocar uma necrose(morte de tecido) no local. Levar ao veterinário.


Vômitos
Os cães vomitam com facilidade, principalmente porque possuem musculatura estriada no esôfago, que dá mais tônus ao orgão. No caso de gatinhos, é bom plantar grama ou erva doce, alfavaca, capim limão, que funciona como digestivo e eles gostam de “pastar”. Mas se o seu cão ou o seu gato vomitar com frequência pode estar intoxicado, com alguma infecção grave, com vermes, gastrite, e uma série de outras alterações gastrointestinais. É conveniente guardar o conteúdo do vômito em um recipiente e levar ao veterinário.


Mordidas
É importante verificar a procedência do animal que mordeu. Se não for vacinado o agressor tem que ficar uma semana em observação, pelo perigo do contágio da raiva. Deve-se lavar abundantemente as feridas com água gelada, limpar os ferimentos o máximo e raspar os pelos o redor para diminuir a contaminação. Pingar água oxigenada 10volumes e mercúrio cromo, e melhor ainda, pingar tintura mãe de Calendula ou Arnica. Há casos que é necessário que o veterinário suture as lesões, e se estão muito contaminadas de terra será indispensável a aplicação de soro anti-tetânico. NUNCA DAR ANALGÉSICOS POR CONTA PRÓPRIA, pois podem causar quedas perigosas de pressão.

Asfixia:
Certifique-se de estar protegido, pois o animal provavelmente estará furioso e haverá maiores riscos de mordida. Se o animal ainda puder respirar parcialmente é melhor mantê-lo calmo e levá-lo ao veterinário o mais rápido possível. Olhe na garganta para ver se o objeto estranho está visível. Se você puder limpe as vias respiratórias removendo o objeto com alicate ou pinça, com cuidado para não empurrá-lo garganta abaixo. Se ele estiver localizado muito profundamente ou se o animal entrar em colapso coloque suas mãos em ambos os lados da caixa torácica e aplique uma pressão firme e rápida. Ou então coloque o animal de lado e pressione a caixa torácica com a palma da sua mão 3 a 4 vezes. Repita esse procedimento até que o objeto seja deslocado ou até que você chegue ao veterinário.

Acidente de carro:
Manter o animal o mais quieto possível, primeiramente removendo-o da área de perigo. Pressionar as areas com hemorragia improvisando uma bandagem. Observar se as vias aéreas estão desimpedidas, tentar puxar a lingua para fora e limpar algum fluido que estiver obstruindo boca ou nariz. É interessante ter sempre consigo um vidro de remédio floral RESCUE (é indicado para situações de emergência, tais como: acidentes, perdas, choques emocionais, estresse, antes do parto, antes de um exame importante, no recebimento de notícias ruins - de morte, aborrecimento familiar, etc. O Rescue Remedy não substitui o atendimento médico; ele somente ajuda o paciente a estabilizar e acalmar as emoções durante o trauma.) e pingar 2 a 3 gotas na boca .Pedir ajuda de um veterinário.

KIT PRIMEIROS SOCORROS PARA ANIMAIS

· Tesoura: Para cortar a faixa, gaze e para cortar os pêlos em volta da ferida.
· Loção antisséptica: para tratamento de feridas, abrasões, pequenas queimaduras, e as chamadas feridas em hot spots.
· Gaze: para limpeza, tampar e forrar ferimentos.
· Toalhinhas de álcool: use para limpar a tesoura, pinça e mãos. (Não use nas feridas).
· Vetrap: é uma bandagem flexiva usada para cobrir ou estabilizar ferimentos. Adere em si mesma, não necessitando de pregador ou fita adesiva. (Cuidado: Não cobrir com força para não prender a circulação).
· Povidine: Concede uma ação antisséptica na prevenção de infecção em queimaduras, lacerações e abrasões.
· Lente de aumento: usada para localizar objetos entre os dedos nas patas do seu animalzinho. Isso também pode ser usado para ver pulgas, carrapatos e insetos que picam.
· Luvas: para proteger as mãos e prevenir contaminação.
· Epiotic: leia e siga as instruções individuais contidas no rótulo do produto.
· Fralda de emergência: ela ajuda a proteger o carro quando o animal vomita ou tem sangramento.
· Faixa de gaze: para cobrir e proteger áreas feridas. Pode ser usada também para confecção de focinheira temporariamente. (até o animal mais bonzinho pode morder se estiver doente ou ferido).
· Pinça: para remover gentilmente objetos da pele e patas.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

CBO - Classificação Brasileira de Ocupações
Por meio desta publicação o Ministério do Trabalho e Emprego - MTE disponibiliza à sociedade a nova Classificação Brasileira de Ocupações - CBO, que vem substituir a anterior, publicada em 1994.
Desde a sua primeira edição, em 1982, a CBO sofreu alterações pontuais, sem modificações estruturais e metodológicas. A edição 2002 utiliza uma nova metodologia de classificação e faz a revisão e atualização completas de seu conteúdo.
A CBO é o documento que reconhece, nomeia e codifica os títulos e descreve as características das ocupações do mercado de trabalho brasileiro. Sua atualização e modernização se devem às profundas mudanças ocorridas no cenário cultural, econômico e social do País nos últimos anos, implicando alterações estruturais no mercado de trabalho.
A nova versão contém as ocupações do mercado brasileiro, organizadas e descritas por famílias. Cada família constitui um conjunto de ocupações similares correspondente a um domínio de trabalho mais amplo que aquele da ocupação.
O banco de dados do novo documento está à disposição da população também em CD e para consulta pela internet.
Uma das grandes novidades deste documento é o método utilizado no processo de descrição, que pressupõe o desenvolvimento do trabalho por meio de comitês de profissionais que atuam nas famílias, partindo-se da premissa de que a melhor descrição é aquela feita por quem exerce efetivamente cada ocupação.
Estiveram envolvidos no processo pesquisadores da Unicamp, UFMG e Fipe/USP e profissionais do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Senai. Trata-se de um trabalho desenvolvido nacionalmente, que mobilizou milhares de pessoas em vários pontos de todo o País.
A nova CBO tem uma dimensão estratégica importante, na medida em que, com a padronização de códigos e descrições, poderá ser utilizada pelos mais diversos atores sociais do mercado de trabalho. Terá relevância também para a integração das políticas públicas do Ministério do Trabalho e Emprego, sobretudo no que concerne aos programas de qualificação profissional e intermediação da mão-de-obra, bem como no controle de sua implementação.
ENCONTRE SUA OCUPAÇÃO NA C.B.O
SITE ABAIXO:
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DESCRIÇÃO DE C.B.O CONFORME A OCUPAÇÃO
TÉCNICO EM MEIO AMBIENTE
2140 :: Engenheiros ambientais e afins

Títulos
2140-05 - Engenheiro ambiental

Engenheiro de meio ambiente
2140-10 - Tecnólogo em meio ambiente
Tecnólogo em gestão ambiental, Tecnólogo em processos ambientais, Tecnólogo em saneamento ambiental
Descrição Sumária: Elaboram e implantam projetos ambientais ; gerenciam a implementação do sistema de Gestão Ambiental (SGA) nas empresas, implementam ações de controle de emissão de poluentes, administram resíduos e procedimentos de remediação. Podem prestar consultoria, assistência e assessoria.
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3516 :: Técnicos em segurança no trabalho

Títulos
3516-05 - Técnico em segurança no trabalho

Supervisor de segurança do trabalho, Técnico em meio ambiente, segurança e saúde, Técnico em segurança industrial

Descrição Sumária: Elaboram, participam da elaboração e implementam política de saúde e segurança no trabalho (sst); realizam auditoria, acompanhamento e avaliação na área; identificam variáveis de controle de doenças, acidentes, qualidade de vida e meio ambiente. Desenvolvem ações educativas na área de saúde e segurança no trabalho; participam de perícias e fiscalizações e integram processos de negociação. Participam da adoção de tecnologias e processos de trabalho; gerenciam documentação de sst; investigam, analisam acidentes e recomendam medidas de prevenção e controle.
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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Água: Qualidade, Poluentes e Tratamento


ÁGUA: ABUNDÂNCIA, USO, REUTILIZAÇÃO E POLUIÇÃO

A água é uma substância única, sem ela a vida no nosso planeta seria impossível.
Existe muita água, mas ela não está distribuída com igualdade, alguns locais do planeta possuem muita água, outros locais não tem virtualmente nenhuma.
As propriedades da água vem de sua polaridade, de sua não usual alta constante dielétrica, e das ligações de hidrogênio que faz consigo mesma. Essas propriedades fazem com que ela carregue compostos dissolvidos, alguns bastante tóxicos, e ainda vírus e bactérias perigosos.
Nos países desenvolvidos do mundo a água pura é tomada como certa, mas é muito difícil obter água que seja pura o suficiente para o consumo humano, para os animais e plantas.
O trabalho de purificar a água está se tornando mais difícil, devido à contaminação de resíduos químicos da indústria, da mineração, da agricultura e das atividades caseiras. Em alguns Estados existem sérios problemas de abastecimento, e o ideal seria que fossem tomadas atitudes pessoais e medidas oficiais para qualquer tipo de racionamento possível. Assim sendo, geralmente nós não temos água suficiente, e aquela disponível corre o risco de estar contaminada por produtos químicos que podem por nossa vida em risco.
A água é a substância mais abundante na face da Terra, ela cobre 72% do nosso planeta. Os oceanos são o reservatório, sendo responsável pela guarda de 97,2 % da água disponível. As geleiras glaciais respondem pelo depósito de outros 2,16%, 0,01% da água do planeta se encontra em lagos salgados; a água na atmosfera amonta a 0,001%; portanto só 0,297% da água do planeta corre nos rios ou está presente em lençóis subterrâneos. Aqui vale uma mensagem de cunho ecológico: a água é o maior constituinte dos seres vivos - coincidência ou sentimento de irmandade do Criador, um humano adulto é 70% água, a mesma proporção da água na superfície do planeta.
O pequeno valor apontado para a água disponível em rios e lençóis freáticos posam um grande problema ao consumo em países industrializados, mesmo em lugares bem servidos, como no nosso caso. A falta d'água, muito comum em muitas de nossas cidades, junto com o problema da poluição, requerem um estudo cuidadoso das possíveis soluções e de uma cooperação geral. Uma solução a longo prazo requer a conservação, a reutilização, e principalmente a consciência do cidadão de não tomar como garantida a presença perene de fontes de água limpa.
  • Conteúdo de água % Invertebrados marinhos 97
  • Feto humano com 1 mês 93
  • Humano adulto 70
  • Fluídos corporais 95
  • Tecidos nervosos 84
  • Músculos 77
  • Pele 71
  • Tecidos conectivos 60
  • Vegetais 89
  • Leite 88
  • Peixe 82
  • Frutas 80
  • Carne bovina 76


No Brasil, menos nos Estados do Nordeste, nós sempre tivemos a água como coisa garantida. Isso valeu para nossos avós e nossos pais, continua valendo para nós, por inércia. Entretanto notícias recentes (Folha de S. Paulo e outros jornais, Quinta feira, 31 de agosto de 2000) apregoam que o consumidor vai pagar mais caro pela energia elétrica que usa, porque o consumo de energia está levando o País a uma crise: o consumo de energia cresce mais do que nossas hidrelétricas podem suportar. Deveremos construir uma dúzia de termelétricas, a um custo hoje de 1,3 bilhão de dólares, financiados, e, se o dólar subir, o consumidor paga a conta... Isso significa, para bons entendedores, que o nível das nossas águas está baixando, e as represas existentes não estão dando conta da demanda por energia que o País necessita. Os jornais notificam ainda um filão rentável economicamente: os fornecedores de energia. Foi criado até o MAE, ou "Mercado Atacadista de Energia". Ribeirão Preto, SP., é uma zona de grande concentração de usinas canavieiras (incluido São Carlos, Araraquara e região), que produzem energia elétrica através do bagaço da cana. O excedente dessa energia deverá ser vendida para as distribuidoras de energia elétrica já no futuro próximo final de 2000 ou começo de 2001.


De qualquer forma, quem mais utiliza a água é a Indústria; a tabela abaixo dá alguns exemplos.

Indústria - Por unidade de produção - Por produto finalizado
Papel - 75600 L / tonelada - 4 L / 8 folhas de escrever
Refinaria - 75600 L / barril de óleo cru - 20 L / L gasolina
Siderurgia - 189000 L / tonelada - 190 L /1 Kg de pregos
Estação de Força - 1360 L / minuto / Mw - 193 L / lâmpada de 100 W acesa 24 horas


Entretanto, merece ser dito que grande parte da água utilizada pela Indústria é água reciclada; a água é utilizada para resfriamento de equipamentos e produção de vapor, sendo depois resfriada e reciclada, de formas a evitar poluição térmica dos rios e lagos onde ela é descarregada (tratada se necessário). O vapor serve como uma fonte importante de energia térmica industrial.
A água que nós bebemos é uma quantidade ínfima da água que utilizamos no nosso dia a dia, onde a gastamos com os fatos corriqueiros de apertar o botão da privada, para o banho, lavagem de roupas, louças, etc. Todos esses usos faz com que um cidadão típico da classe média represente em média um gasto de algo como 300 L de água por dia. Assim, a conservação residencial da água torna-se uma forma importantíssima de diminuir a demanda pelo suprimento de água limpa.


Água poluída
A água que não é útil para beber, lavar, irrigar ou ter uso industrial é chamada de água poluída. A poluição pode ser térmica, por radioisótopos, metais tóxicos, solventes orgânicos, ácidos ou bases. A água pode ser considerada poluída para alguns usos, mas não para outros. A água é poluída principalmente pela atividade humana, mas causas naturais como o assoreamento dos rios, a lixiviação de metais de rochas e do solo, e a presença de matéria orgânica oriunda de animais ou de taninos de vegetais em decomposição também são fontes de poluição.
Como a atividade poluidora humana é contínua, muitos governos tem passado legislações para a conservação e a não poluição da água disponível. As principais leis nesse sentido obrigam os agentes poluidores a tratar a água utilizada antes que ela seja devolvida ao rio ou lago, e são leis lógicas, pois é sempre mais fácil tratar a água antes de devolve-la ao meio ambiente, do que despoluir um rio ou um lago.


Hoje em dia, são geralmente aceitas oito categorias gerais de poluentes:


Classes de poluentes da água - Exemplos
Lixo que desoxigenam a água - Materiais vegetais e animais
Agentes infecciosos - Bactérias e viruseses
Nutrientes vegetais - Fertilizantes como nitratos e fosfatos
Compostos químicos orgânicos - Pesticidas e detergentes
Outros produtos químicos - Ácidos de mineração e ferro de siderúrgicas
Sedimentos de erosão - Areia e lama no leito do rio, que pode destruir organismos que vivem na interface sólido-líquido

Substâncias radioativas - Lixo da mineração e processamento de materiais radiativos; material radiativo usado
Calor oriundo da Indústria - Água para refrigeração industrial


Órgãos como o do Serviço Público de Saúde dos EUA tem preparado listas contendo o teor máximo permitido de níveis de contaminação da água potável, que são aceitas como base para legislações locais em muitos países, assim como o Brasil. Alguns exemplos de contaminantes inorgânicos:


Contaminante - Concentração máxima (mg / L)
Arsênio* - 0,05
Bário** - 1
Cádmio*** - 0,01
Chumbo**** - 0,05
Mercúrio# - 0,002


*A preparação desse elemento foi descrita com precisão por Paracelso (1520); era portanto conhecido desde os tempos medievais pelos alquimistas. Todos os meteoritos contém As, o que indica que a sua existência é comum no Universo. A maioria das formas alotrópicas do elemento, e quase a totalidade dos compostos de As são tóxicos. O próprio Paracelso, considerado o Pai da Farmacologia, deve ter sido morto pela auto ingestão de sais de arsênio. O isótopo artificial 76As é utilizado como traçador radiativo em toxicologia; o elemento é usado na manufatura de certos tipos de vidros especiais, e principalmente no endurecimento de ligas de cobre e chumbo. Recentemente foi feito um exame pericial de traços de fios de cabelo do célebre Napoleão Bonaparte. Tudo indica que ele morreu, extraditado que era (numa prisão!?) na ilha de Elba, pela inalação de compostos de arsênio provenientes da cola e dos papéis de parede de (a cela!?) onde estava preso.
**Todos os compostos de bário que são solúveis em água ou em ácidos são venenosos. Metal alcalino terroso da família do cálcio e do magnésio, tem amplo espectro de absorção dos raios x, e o composto praticamnte insolúvel sulfato de bário é utilizado como contraste para radiogfrafias do estômago e intestino. Sua capacidade de absorver radiação o torna útil como carreador de rádio (Rd) em usinas nucleares. É facilmente oxidável pelo ar.
***Da família do Bário, é subproduto da mineração do zinco. A substância e seus compostos devem ser considerados carcinogênicos. Utilizado como amálgama (com mercúrio) por dentistas. Usado na indústria eletrônica em várias aplicações, como nas baterias cádmio-níquel dos telefones celulares outras baterias epilhas recarregáveis.
****Um dos metais conhecidos desde a antiguidade. Macio, maleável, facilmente moldado e extrudado, é atacado pela água pura. A toxicidade humana aguda pode se desenvolver em crianças, onde pode causar danos ao cérebro, irreversíveis. Em adultos, a contaminação geralmente ocorre como dano ocupacional. 0,005 mg / L no sangue ou 0,008 mg / L na urina são indícios de envenenamento sério por chumbo. O chumbo, como o mercúrio, se acumula principalmente no cérebro, causando uma série de deficiências, desde a cegueira e paralisia, até a morte. O uso de canos de chumbo como material de canalização de água tem sido descontinuado desde a introdução de canos de PVC (cloreto de polivinila, ou do inglês, poly vinyl chloride). Muito utilizado em baterias de automóveis e como barreiras de proteção contra os raios x. Seus compostos servem como pigmentos para tintas a óleo, inclusive as residenciais, principalmente as amarelas. Existem evidências que demonstram que Cândido Portinari pode ter morrido por envenenamento por chumbo pela sua mania de lamber os pincéis para limpá-los das tintas a óleo utilizadas, antes da próxima pincelada.
Também chamado de prata líquida, ou prata rápida, é levemente volátil à temperatura ambiente, o que aumenta a sua toxicidade ocupacional, pela possibilidade da inalação contínua dos vapores do metal por trabalhadores em ambintes que empregam continuamente o elemento. O termo "liga" ou amálgama, significa a união de qualquer metal - exceto o ferro - com mercúrio. Combina-se facilmente com o enxofre à temperatura ambiente.
Esse método, polvilhar enxofre sobre gotículas de mercúrio, é o método mais indicado de evitar a contaminação de organismos vivos pelo metal, pois HgS é razoavelmente insolúvel, quimicamente bastante inerte, e não volátil. O vapor é rapidamente absorvido pelo trato respiratório, mas engolir acidentalmente o metal não causa, aparentemente, nenhum dano a humanos. Mercúrio derramado ou os seus sais solúveis e vapores são corrosivos, e envenenamento crônico pode provocar a morte em até dez dias.
No Brasil, garimpeiros de ouro, principalmente na Serra Pelada, tem sido envenenados e poluído grandes áreas de terras e águas por utilizarem o mercúrio: derramando o metal sobre minérios de ouro faz com que o amálgama - a liga entre Hg e Au - escorra do resto do minério; os garimpeiros então usam uma tocha produzida à partir de um botijão de gás de cozinha para evaporar o mercúrio e assim, obter o ouro puro. Utilizado em termômetros, barômetros, em lâmpadas que produzem raios ultravioleta, em lâmpadas fluorescentes (cuidado! Tente nunca quebrar uma delas!), na obtenção de metais à partir de seus minerais, principalmente o ouro e a prata, na preparação de amálgamas, como os utilizados por dentistas até hoje, em produtos farmacêuticos e agriculturais.
Outro uso do mercúrio é como eletrodo em aparelhos eletroanalíticos, e na preparação industrial do alumínio. O maior acidente ecológico envolvendo mercúrio ocorreu na baía de Minamata, no Japão, logo após a II Grande Guerra: uma planta de produção de alumínio rachou, vazando toneladas de mercúrio para o mar. Algas das profundezas, que não necessitam de oxigênio (anaeróbicas), metabolizam o metal, produzindo um dos piores carcinogênicos que se conhece, o dimetilmercúrio, que passa à cadeia alimentar dos peixes. No Japão, o Sashimi, a carne de peixe crua, é um prato tradicional. Resultado: até hoje a baía de Minamata é completamente desolada (50 anos depois do acidente!), desabitada, considerada área proibida, e os descendentes daquela população continuam sofrendo de doenças e deformidades decorrentes do acidente. O "Mercúriocromo" foi uma tintura até recentemente utilizada como antibactericida caseiro e hospitalar.
Por muito tempo foi a base do produto organometálico mais produzido pela indústria, o chumbo tetraetila, aditivante da gasolina, ainda hoje utilizado par melhorar a performance de motores a combustão submetidos a combustíveis ruins.


Alguns exemplos de contaminantes orgânicos:


Contaminante - Concentração máxima (mg / L)
Endrin* - 0,0002
Lindano** - 0,004
Toxafeno*** - 0,005
2,4,5 TP (silvex)**** - 0,01
Trihalometanos, incluindo o clorofórmio# - 0,1


*Da família de inseticidas à qual pertence o aldrin, muito utilizado no Brasil para umedecer sementes de arroz e milho, tornando-as tóxicas para cupins e assim proteger o plantio. O uso desses cupinicidas foi descontinuado nos EUA, mas a sua fabricação e exportação para países como o Brasil e a América do Sul e Ásia, continuam.
**Um dos isômeros biologicamente ativos do hexaclorociclohexano. Pode ter uso veterinário como ectoparasiticida. Inseticida, também é indicado para o tratamento e controle da infestação em humanos por piolhos. Consta da lista das substâncias carcinogênicas.
***Uma mistura complexa, porem reprodutível, de 177 possíveis compostos clorados resultado da clorinação industrial do canfeno, por isso também chamado de policlorocanfeno, entre outras de suas denominações. Tem um odor agradável de pinus. Utilizado como inseticida, não recomendado para estábulos de vacas e outros animais leiteiros, pois pode acabar sendo incorporado ao leite. A Dose Letal (LD50) desse (mistura de) produto é 90 mg /kg.
****Um dos nomes comerciais do ácido propiônico triclorofenoxi. Herbicida utilizado no controle de plantas lenhosas em áreas de plantio.
#Como todos os halogenados, suspeitos de serem carcinogênicos. Utilizados como solventes industriais. Antigamente, o clorofórmio era usado como anestésico, e é um dos principais componentes do lança-perfume, banido no Brasil.


A demanda bioquímica pelo oxigênio (DBO) da água
A forma como materiais orgânicos são oxidados na purificação natural das águas merece uma atenção especial, pois esse processo se opõe à eutroficação (do grego eutrofos, nutrir) da água. É fácil de se compreender a raiz da preocupação: mesmo em águas naturais, os organismos vivos estão constantemente liberando lixo orgânicos na água (na camiseta de um banhista, em uma praia conhecida, lia-se a mensagem "não bebo água, os peixes fazem sexo nela"). Ora, para transformar esses materiais em compostos inorgânicos simples, como CO2 e H2O, há a necessidade de reservas de oxigênio. A necessidade de oxigênio necessária para oxidar certo tipo de material é chamada, tecnicamente, de "demanda bioquímica de oxigênio".


Os microoganismos e bactérias requerem o oxigênio para converterem matéria orgânica em comida, e dado o tempo necessário, em condições normais, tais organismos podem converter quantidades enormes de matéria orgânica em:

  • Carbono orgânico à CO2
  • Hidrogênio orgânico à H2O
  • Oxigênio orgânico à H2O
  • Nitrogênio orgânico à N2 ou NO3-


Existem métodos analíticos de se medir a demanda por oxigênio, mas o importante é notar que águas altamente poluídas por (micro)organismos orgânicos requerem grandes quantidades de oxigênio, e se esse oxigênio natural é pouco ou não está disponível, vai haver a putrefação. Com ela, os peixes e outras formas de vida aquática não poderão mais sobreviver. As bactérias aeróbicas, aquelas que necessitam de oxigênio para realizar o processo da decomposição da matéria orgânica, irão morrer. Com a morte dessas criaturas, mais matéria orgânica sem vida vai estar disponível, e a demanda biológica pelo oxigênio vai se elevar às alturas.
Felizmente a Natureza tem um sistema de "backup" para tais ocasiões. Bactérias anaeróbicas começam a tomar conta do pedaço, e, dado tempo suficiente, utilizam o oxigênio contido na matéria orgânica disponível, e a transformam nos desejados gás carbônico, água e nitrogênio gasoso. Daí, o processo aeróbico recomeça.
O problema começa com os resíduos industriais e domésticos de compostos orgânicos - muitos deles não biodegradáveis, que são lançados ao meio ambiente todos os dias. Esses resíduos podem, e geralmente o fazem, destruir por um tempo muito longo - dezenas de anos, ou uma ou mais gerações inteiras - toda a vida em um curso de um rio ou em um lago inteiro.
A demanda bioquímica por oxigênio pode ser bastante reduzida pelo tratamento dos resíduos industriais com oxigênio ou com ozone. Muitas das operações de "limpeza" das indústrias utilizam esse método, com o benefício extra de tornar, por oxidação parcial, alguns compostos não biodegradáveis em biodegradáveis. Um desses esforços é feito pela empresa Cutrale, de Araraquara, que produz suco concentrado de laranja. Em sua usina de tratamento, parte da água é chafarizada para aumentar o teor de oxigênio do caldo expelido no processo de amassagem das frutas.
Lixos industriais podem ser um caso sério de poluição, por não serem removidos, ou por serem removidos com dificuldade ou por serem removidos muito lentamente por processos naturais. Geralmente, eles não são removidos de forma nenhuma por plantas municipais de tratamento de água típicos. O problema é que geramos poluentes importantes à partir de produtos que são importantes no nosso dia a dia. Veja só:


Produtos importantes e o lixo perigoso consequente

  • Plásticos Compostos organoclorados
  • Pesticidas Compostos organoclorados e organofosforados
  • Produtos medicinais Solventes orgânicos, metais pesados (por exemplo o mercúrio)
  • Tintas Metais pesados, pigmentos, solventes, resíduos orgânicos
  • Derivados de petróleo, óleo diesel e gasolina Óleos, fenóis, chumbo de aditivos, ácidos, bases, e uma infinidade de outros compostos orgânicos. Monóxido e dióxido de carbono e óxidos de nitrogênio, coadjuvantes na formação de chuva ácida
  • Metais Metais pesados, fluoretos, cianetos, limpadores ácidos e básicos, solventes, pigmentos, abrasivos sais diversos, óleos, fenóis
  • Couro Chumbo e zinco
  • Indústria têxtil Metais pesados, tinturas, compostos organoclorados, solventes orgânicos.


O depósito de lixo tem sido, há décadas, o método principal de se livrar de lixo urbano, industrial e agricultural. O líquido mal cheiroso produzido e liberado pelo "lixão", também conhecido por xorume, impregna a terra e afeta os canais aquíferos subterrâneos. Esse tipo de poluição carrega consigo todos os ingredientes possíveis de serem tragados pela água, por suas propriedades químicas e físicas. Outro meio de poluição é o descuido, o derramamento acidental ou intencional, de produtos, ou simplesmente lixo, diretamente no meio ambiente.
No ano passado reportamos em nosso site o derramamento de compostos orgânicos com consequências desastrosas para a população, aqui mesmo em Araraquara, que afetou as águas de um córrego de importância econômica para a cidade. Outros exemplos bem paulistas são os canais dos rios Tietê e Pinheiros que circundam a megacidade de São Paulo, e cuja despoluição têm levado embora rios de reais, sem que o problema tenha sido solucionado. O que é sempre necessário dizer é que locais que são (ou foram) duramente poluídos, custarão bilhões de reais para se tornarem novamente habitáveis por organismos vivos sadios.
Foi noticiado no jornal Folha de São Paulo em 31 de Agosto de 2000: 47% do lixo industrial de São Paulo não é tratado. Como o Estado produz algo como 21 milhões de toneladas de lixo sólido por ano, 10 milhões de toneladas são simplesmente jogadas no meio ambiente. A Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo, CETESB, assume que pelo menos 250 mil toneladas (um quarto de trilhão de quilos / ano) desse lixo está na lista dos poluentes considerados perigosos. O custo para o Estado da despoluição ambiental decorrente da ação humana nesse, assim como em outros casos, é simplesmente inimaginável; o custo para a natureza, impensável.
Mesmo no caso do Estado de São Paulo, resíduos que são considerados perigosos, são depositados em um campo que foi tornado impermeável pelo uso de plásticos fortificados, ou então são incinerados, ou ainda, tratados quimicamente de uma forma a torna-los não perigosos. Mesmo assim, o perigo de poluição de águas subterrâneas tem de ser continuamente monitorado para a prevenção de graves acidentes ambientais, com consequência direta ao bem estar da população.

O lixo caseiro como lixo tóxico
Normalmente nós não damos a mínima para aquilo que nós jogamos no saco de lixo, mas o que descartamos, e a forma que o fazemos, pode influir na qualidade da água subterrânea que, eventualmente, nós iremos necessitar. Se o nosso lixo caseiro é incinerado, poderemos estar contribuindo para a poluição atmosférica (principalmente no tocante à formação de gases de enxôfre e nitrogênio, grandes responsáveis pela chuva ácida). Entretanto, a maior parte, ou a totalidade dela, dependendo do município em que vivemos, vai mesmo para os lixões, depósitos a céu aberto sem nenhuma, ou muito pouca, proteção ambiental. Portanto nós também estamos contribuindo ativamente para o aumento da poluição da água subterrânea.


Veja uma coleção de tralhas caseiras, e o que elas contém, e o método recomendado para o descarte:

  • Tipo de produto Ingrediente perigoso Método de descarte
  • Mata moscas Pesticidas e solventes orgânicos Especial
  • Limpador de forno Produtos cáusticos Pia
  • Limpadores de banheiros Cáusticos ou ácidos Pia
  • Polidor de móveis Solventes orgânicos Especial
  • Latas aerosol vazias Solventes e propelentes Lixo
  • Removedor de esmalte de unhas Solventes orgânicos Especial
  • Esmalte de unhas solventes Lixo
  • Anticongelantes Metais e solventes orgânicos Especial
  • Inseticidas Pesticidas e solventes Especial
  • Baterias de automóveis Ácido sulfúrico e chumbo Especial
  • Remédios com validade vencida Compostos orgânicos Pia
  • Tinta latex Polímeros orgânicos Pia
  • Gasolina Solventes orgânicos Especial
  • Óleos de motores Solventes orgânicos e metais Especial
  • Desentupidor de ralos cáusticos Pia
  • Graxa de sapatos Graxas e solventes Lixo
  • Tintas a base de óleo Solventes orgânicos Especial
  • Baterias de mercúrio, ou níquel-cádmio Metais pesados Especial
  • Mata baratas Compostos orgânicos clorinados Especial

Nota: especial refere-se ao tratamento de um lixo perigoso, a princípio, tem de ser feito por um profissional; pia significa o descarte na pia, tanque ou pelo vazo sanitário. Lixo quer dizer lixo normal, não há danos à água subterrânea. Normalmente, nós colocamos os itens marcados como Especial no lixo comum, contribuindo assim para a poluição das nossas águas.
Em todo o mundo, não só no Brasil, as (os) donas (donos) de casa tem dificuldades em jogar fora produtos químicos que são potencialmente perigosos. Mesmo que cidades modelos tenham projetos ativos para a reciclagem de papel, vidro, metais e plásticos, a maioria delas não tem condições de recolher em separado tais materiais do lixo comum que é destinado ao lixão. Os "descartes profissionais" que existem no Brasil - e a regra serve para o mundo todo - são privativos das indústrias, que não fornecem serviços ao cidadão comum a preços que ele pode pagar, portanto não há saída. Até o Instituto de Química de Araraquara tem dificuldade em descartar os resíduos gerados pelo ensino da Química, e pela pesquisa aqui realizada. Essa condição é comum a todas as Universidades do País.
Como é que podemos dispor de lixo caseiro perigoso ao lençol aquífero? Algumas cidades européias, principalmente na Holanda, tem caminhões especiais para cada tipo de lixo. Mas podemos tomar medidas pessoais, como só comprar, ou levar para casa, o que acharmos necessário: qualquer tentativa de levar muita coisa para casa, para aproveitar o preço baixo, por exemplo, é um convite para que eventualmente tenhamos um monte de inutilidades, muito lixo para jogarmos fora. A reciclagem de lixo doméstico pode ser um fator muito importante para diminuir a carga das autoridades municipais em reciclar o lixo das cidades. Campanhas de reciclagem de papel, de latas de alumínio, de óleos de motor, e outros itens devem ser acatados e incentivados. De qualquer forma, a consciência do cidadão deve sempre estar voltada no sentido de diminuir a sua parcela de agente poluidor do lençol aquífero de sua cidade e da região onde crescerão os seus filhos e, possivelmente, seus netos.

A purificação da água na Natureza
O ciclo natural da água - evaporação e condensação - oferece muitas maneiras da Natureza auto purificar a água, o que, dentro de certas limitações, renova o potencial de água potável no planeta. O processo de destilação, por exemplo, forma vapores que contém um mínimo de impurezas não voláteis e gases dissolvidos no ar. A cristalização do gelo nos mares produz água relativamente pura (dessalinizada) nos icebergs, a aeração das águas dos rios, como as que passam por corredeiras ou caem em cascatas permite que impurezas voláteis sejam liberadas, aumentando o teor de oxigênio disponível, a sedimentação de partículas sólidas ocorre nos lagos e nos leitos lentos dos rios, a filtração da água através de bancos de areia limpa a água de lama e de algas, por exemplo. Extremamente importante são os processos de oxidação, mencionados acima, onde materiais orgânicos de origem natural são convertidos a substâncias simples. Finalmente, há o processo de diluição: a maioria, senão todos os poluentes, se tornam seguros abaixo de certos níveis, por diluição em água.
Antes da explosão do contingente humano na Natureza, e do advento da Revolução Industrial, os mecanismos d purificação naturais da água eram suficientes para fornecer água de qualidade para todas as regiões do planeta, exceto, é claro, as regiões desérticas. Um exemplo de como a natureza não dá conta do aumento da poluição vem da sua inabilidade de remover a lama dos leitos dos rios. Essa lama consiste de pedregulhos misturados com areia e outras argilas (cais), como os óxidos de alumínio misturados com água, típicos formadores da lama utilizada na fabricação de tijolos, etc. por vários quilômetros rio abaixo desse tipo de poluente a vida aquática desaparece, mas eventualmente a vida marinha pode reaparecer novamente rio abaixo.
Um exemplo mais complexo e que para o qual não existe muita esperança de que o sistema natural de purificação da água vá funcionar, refere-se à biodegradabilidade. Uma substância é biodegradável se ela é decomposta em substâncias simples por microorganismos. A celulose suspensa em água é um exemplo clássico: ela eventualmente vai ser convertida em CO2 e água. Outras substâncias, notadamente aquelas qrtificiais que nós mesmos criamos, permanecem por muito tempo no meio ambiente, e acabam sendo incorporadas aos organismos vivos, passando a fazer parte da cadeia alimentar. Uma dessas substâncias - outro exemplo clássico - é o DDT. Até a chuva pode ser um problema. Se há uma concentração grande o suficiente de poluentes (entre eles íons tipo Nh2+, K+, Ca2+, Mg2+, Cl-, NO3-, SO42-), principalmente óxidos de enxofre e nitrogênio, ela será ácida o suficiente para se tornar um problema ambiental, pois pode acidificar lagos, atacar seres vivos e danificar monumentos.


O quê podemos fazer: o tratamento da água como processo necessário

Processo de Tratamento da Água


As "casinhas" daquelas casas rurais foram obviamente transferidas para as cidades, só que ali, o agrupamento humano requeria que elas fossem limpas de tempos em tempos; esses sanitários eventualmente foram unidos entre si, formando um sistema de esgotos. Esse sistema também requeria ser limpo de tempos em tempos para poder abrigar o aumento da população. O esgoto era canalizado para um grande poço, assim como fazia a "casinha" rural. Para uma cidade maior, o uso de um grande poço de descarga é inviável, e o sistema de tratamento começou a ser desenvolvido. Nesse sistema, não se retém o esgoto, mas se trata a água, tenta-se limpá-la o máximo possível, e então retorná-la ao meio ambiente ou recanalizá-la para uso doméstico. Um sistema simples de tratamento é mostrado na figura acima. No tanque de sedimentação é adicionado o sulfato de alumínio, da mesma forma que os lipadores de piscinas o fazem hoje em dia, juntamente com hidróxido de cálcio.


A reação química:
3 Ca(OH)2 + Al2(SO4)3à 2 Al(OH)3 + 3 CaSO4


produz hidróxido de alumínio que é uma borra insolúvel, que ao precipitar (como na piscina) carrega consigo partículas de sujeira e microorganismos. Cloro pode ser então adicionado para matar - por oxidação - a matéria orgânica (lixo biológico) remanescente, e a água está pronta para ser reutilizada.
O cloro é introduzido na água na forma elementar (Cl2), que é um gás bastante solúvel, e muito tóxico, o que o torna um matador de bactérias que sobrevivem aos tratamentos de água ditos como primários. Essas bactérias podem disseminar cólera, tifo, paratifo e desinteria, assim como vários distúrbios gastrointestinais coletivamente tidos como giardioses.
Entretanto, se o lixo orgânico estiver presente em uma quantidade muito acima do desejado, um segundo tratamento se faz necessário. Veja bem: se muito cloro for utilizado para oxidar a matéria orgânica disponível, então haverá o risco de poluição por compostos orgânicos clorinados, a maioria dos quais suspeitos de serem carcinogênicos. Assim, em um processo mais avançado, o material que não pode ser sedimentado vai para um tanque de aeração, onde uma bomba de ar comprimido aumenta o teor de oxigênio do meio, para aumentar a ação das bactérias aeróbicas na destruição do material orgânico ainda disponível. Esse processo é ilustrado na figura abaixo.


Tanto o sistema simples como o mais complexo não descartam materiais inorgânicos dissolvidos (como sais de metais pesados, por exemplo), nem quantidades residuais de compostos orgânicos nocivos. Esses materiais são eventualmente removidos em processos que são chamados de processos terciários. Das tecnologias empregadas satisfatoriamente hoje em dia, duas "inorgânicas" são importantes. A primeira utiliza carvão ativado, que imita o tratamento de água dos aquários caseiros. Todo o bom aquarista sabe como funciona: o carvão (carbono) pode ser ativado por tratamento à altas temperaturas. Dessa forma, ele fica com uma grande área superficial, o que significa algo como ficar com poros limpos. Esses poros podem reter vvapores e materiais solúveis em água, e como resultado, deixar a água remanescente mais "limpa". Nos aquários o material importante que o carvão ativado ajuda a reter é a amônia, resultante da ação orgânica dos peixinhos.


Se essa amônia fosse deixada perambular pelo aquário, a reação:
Nh2 + H2O « Nh2+ + OH-


tornaria a água básica demais para sustentar a vida dos peixes e plantas do aquário. Assim, muitas substâncias tóxicas podem ser removidas pelo carbono cozido (ativado).
A outra forma "inorgânica" de se purificar a água não é tão inorgânica assim, pois depende de se manter uma forma de lama "ativada", o que nesse caso significa uma lama que é rica em microorganismos, capazes de degradar compostos e matéria orgânica em geral à substâncias simples, como gás carbônico e água. Essa lama é uma imitação, digamos assim, grosseira, do processo natural de purificação da água: enquanto que a água vai sendo forçada a passar pela lama, bactérias e microorganismos vão degradando material orgânico indesejável; se a água assim tratada for destinada ao consumo humano, ela será agora fluoretada - um método de manter oxidantes na água potável para a destruição de componentes orgânicos nocivos, e ao mesmo tempo, um método de prevenção de cáries dentais na população em geral. Caso contrário, a água tratada estará pronta para retornar ao meio ambiente.

ASSOREAMENTO

Assoreamento Progressivo


As principais causas do Assoreamento de rios, ribeirões e córregos, lagos, lagoas e nascentes estão relacionadas aos desmatamentos, tanto das matas ciliares quanto das demais coberturas vegetais que, naturalmente, protegem os solos.
A exposição dos solos para práticas agrícolas, exploração agropecuária, mineração ou para ocupações urbanas, em geral acompanhadas de movimentação de terra e da impermeabilização do solo, abrem caminho para os processos erosivos e para o transporte de materiais orgânicos e inorgânicos, que são drenados até o depósito final nos leitos dos cursos d’água e dos lagos.
No caso da Bacia do Lago Paranoá, esta ação antrópica tem-se mostrado crescente, desde a chegada dos primeiros candangos para a construção de Brasília, em 1957. Foi na Bacia do Lago Paranoá, ou, mais específicamente, na sub-bacia do Riacho Fundo, que se localizou no início de 1957 o complexo administrativo, industrial e residencial da NOVACAP, acompanhado dos principais acampamentos das firmas construtoras (NOVACAP, Candangolândia, Metropolitana, Camargo Corrêa, Saturnino Brito, Meton Servienge, Polienge, MM Quadros), e da popular Cidade Livre, o primeiro centro comercial e prestador de serviços dos tempos pioneiros.
A Cidade Livre, primeira Cidade Satélite de Brasília, foi transformada posteriormente no Núcleo Bandeirante - RA VIII. Depois dela vieram o Guará, Cruzeiro, Candangolândia, Setor de Indústria e Abastecimento, Aterro do Jóquei, Setor de Oficinas Sul, Setor Policial, Setores de Combustíveis, Aeroporto Internacional de Brasília, CEASA, parte do SMPW, parte do Setor Militar Urbano e parte de Brasília, todas essas áreas localizadas na sub-bacia do Riacho Fundo.
Na mesma sub-bacia hidrográfica, a partir de 1957, foram instaladas a Fazenda Sucupira, um importante centro de pesquisas agrárias, as Granjas Modelo do Ipê, do Riacho Fundo e de Águas Claras, as primeiras Colônias Agrícolas e os Combinados Agro-Urbanos - CAUBs I e II, já nas décadas de 70 e 80.
Mantendo o ritmo de ocupação, está sendo construída a Cidade de Águas Claras e adensadas e transformadas em parcelamentos, tipicamente urbanos, as Colônias Agrícolas Vicente Pires, Águas Claras, Governador, Bernardo Sayão, Arniqueira, Santa Cruz e parte do Setor de Mansões Park Way. O resultado dessa ocupação intensiva do território manifesta-se como um quadro de diversos problemas ambientais na sub-bacia do Riacho Fundo, com reflexos visíveis no Assoreamento do braço do Riacho Fundo, na região de desembocadura no Lago Paranoá.
Os problemas de Assoreamento do lago podem ser ilustrados pela enorme quantidade de sedimentos depositados pelo Riacho Fundo, responsável pela redução do espelho d’água no braço Sul do lago, onde os detritos se transformam em verdadeiras ilhas cobertas de vegetação, um alerta para que sejam adotadas medidas urgentes para a recuperação ambiental da sub-bacia.
Os impactos das ocupações urbanas e rurais na Bacia do Lago Paranoá podem ser avaliados, em parte, pela observação das sub-bacias da rede hidrográfica que verte para o Lago Paranoá: Córrego Cabeça de Veado, Ribeirão do Gama e Riacho Fundo, ao Sul; Ribeirão do Torto e Ribeirão Bananal, ao Norte.
A sub-bacia do Córrego Cabeça de Veado está localizada em área com baixa ocupação demográfica, com suas nascentes protegidas na Estação Ecológica do Jardim Botânico, por onde corre, no seu maior percurso, para o lago. As águas desse importante contribuinte são de excelente qualidade, desprovidas de grandes concentrações de nutrientes, levando pouca contribuição em termos de nitrogênio e fosfato para a porção Sul do lago, com níveis reduzidos de as-soreamento.
A sub-bacia do Ribeirão do Gama apresenta duas áreas distintas, no que se refere ao uso e à ocupação do solo. A primeira é caracterizada por áreas preservadas, com os seus tributários, o Córrego Roncador, o Córrego Taquara e o Córrego Capetinga correndo no Jardim Botânico, na Reserva Ecológica do IBGE e na Fazenda Experimental da UnB, respectivamente. A segunda é mais ocupada, com os córregos Mato Seco e Cedro drenando o Núcleo Rural Vargem Bonita, áreas rurais e o SMPW. Em conseqüência das ocupações, as águas do Ribeirão do Gama, dreno principal vertendo ao Sul do lago, apresenta teores de fosfato e nitrogênio maiores do que o Córrego Cabeça de Veado, bem como níveis mais significativos de Assoreamento.
A sub-bacia do Riacho Fundo é a que apresenta a maior densidade e diversidade de ocupação. Em decorrência dos desmatamentos ocorridos, acompanhados da exploração de cascalheiras, exposição e degradação dos solos, movimentações de terra e forte urbanização, muitas vezes desprovida das redes de infra-estrutura adequadas, fatores agravados pela topografia da bacia, tem-se um aporte substancial de sedimentos, comprovado pelo grave Assoreamento do braço do Lago Paranoá que recebe a contribuição da bacia. É também no Riacho Fundo que se observam os resultados mais alterados em relação à carga de nutrientes, nitrogênio orgânico e demanda bioquímica de oxigênio DBO, com uma substancial contribuição em termos de matéria orgânica, fósforo e nitrogênio.
A sub-bacia do Ribeirão Bananal está situada no Parque Nacional de Brasília, o que garante uma excelente qualidade das suas águas. Entretanto, em função da contribuição de ocupações urbanas nas proximidades do seu curso, provenientes do Setor Sudoeste, da área da Rodoferroviária, do SAAN, do Setor Noroeste da cidade e da extremidade da Asa Norte, verifica-se uma carga diária de nitrogênio e fosfato maior do que a do Córrego Cabeça de Veado e pouco menor do que a do Ribeirão do Gama, com um visível processo de Assoreamento no seu percurso até a Ponte do Bragueto.
A sub-bacia do Ribeirão do Torto está inserida em área predominantemente rural , cruzando áreas urbanas de uso controlado como os assentamentos da Granja do Torto e da Vila Varjão, áreas de maior densidade populacional. Nas proximidades da Península Norte, vem recebendo uma crescente pressão das ocupações das QLs, bem como dos parcelamentos irregulares no Setor de Mansões do Lago Norte. O Torto apresenta uma contribuição maior de matéria orgânica, fosfato e nitrogênio do que o Ribeirão Bananal, constituindo-se no tributário da porção Norte, que oferece maior contribuição de nutrientes e maior risco de Assoreamento do lago.
O crescente processo de impermeabilização do solo, inevitável com a ocupação urbana, requer medidas de engenharia ambiental para coletar e reciclar o volume de águas pluviais e de águas servidas, mediante a aplicação de processos de infiltração para perenização de mananciais e recarga de aqüíferos.
As redes e galerias de águas pluviais, com lançamentos finais no lago, independentemente do uso de dissipadores de energia, contribuem significativamente para o Assoreamento do Lago Paranoá. As bocas-de-lobo, espalhadas ao longo das vias urbanas, funcionam como captadores, não só das águas pluviais mas também de parte do lixo e demais detritos lançados nas ruas, conduzindo-os diretamente ao lago. Nesse sentido, a limpeza urbana, a varredura das ruas, a limpeza e desobstrução das redes e galerias de águas pluviais, e a educação da população são fundamentais para o controle do processo de Assoreamento do lago.
Outro fator que vem contribuindo para o Assoreamento refere-se às ocupações costeiras, aos avanços sobre o lago com a construção de muros de arrimo, sem limites definidos em regulamentação própria e sem respeito ao desenho original da orla. Os aterros, as construções de cais, molhes e marinas, dependendo das dimensões, podem provocar alterações sensíveis no regime das águas, tendo como resultado o Assoreamento e a alteração de profundidades, prejudicando, inclusive, a navegação no local.
Passados quarenta anos do represamento do Lago Paranoá, calcula-se que o espelho d’água perdeu 2,3 km2 de superfície, área equivalente a 213 campos oficiais de futebol. A análise comparativa das aerofotos de 1964 e de 1991 revelam que uma área ainda maior, com cerca de 12,7 km2 ao longo dos tributários do lago, encontra-se assoreada. Durante a última década, a situação agravou-se em função da degradação ambiental, decorrente da intensificação do processo de uso e ocupação do solo, em toda a bacia.
Caso o processo de Assoreamento não seja controlado, mediante a adoção de medidas urgentes de recuperação de áreas degradadas, reflorestamento das matas ciliares, implantação de sistemas adequados de drenagem e ordenamento e fiscalização do uso e ocupação do solo, poderá colocar em sério risco a sustentabilidade do Lago Paranoá, especialmente para as gerações futuras.

O que significa o Assoreamento dos Rios e Lagos?

O Assoreamento é o acúmulo de areia, solo desprendido de erosões e outros materiais levados até rios e lagos pela chuva ou pelo vento. Quando isso ocorre, cabe às matas ciliares servirem de filtro para que este material não se deposite sob a água. Quando as matas são indevidamente removidas, rios e lagos perdem sua proteção natural e ficam sujeitos ao Assoreamento, e ao desbarrancamento de suas margens, o que agrava ainda mais o problema.
O Assoreamento reduz o volume de água, torna-a turva e impossibilita a entrada de luz dificultando a fotossíntese e impedindo renovação do oxigênio para algas e peixes, conduzindo rios e lagos ao desaparecimento. Evitar e controlar erosões no solo, além de manter as matas
ciliares intactas é a melhor receita para evitar o Assoreamento.

Processo de Assoreamento
O processo de Assoreamento numa bacia hidrográfica encontra-se intimamente, relacionado aos processos erosivos, uma vez que é este que fornece os materiais que ao serem transportados e depositados darão origem ao Assoreamento.
Assoreamento e erosão são dois processos diretamente proporcionais na dinâmica da bacia hidrográfica.
O Assoreamento ocorre em regiões rebaixadas como o fundo de vales, rios, mares ou qualquer outro lugar em que o nível de base da drenagem permita um processo deposicional. Na bacia hidrográfica da Baía de Guanabara, o processo de Assoreamento foi acelerado pela retirada da cobertura vegetal, inicialmente para a extração de madeiras nobres da Mata Atlântica e, posteriormente, para a implantação de lavouras e núcleos urbanos. Isto provocou a exposição do solo acelerando os processos de erosão e deposição.
O Assoreamento é uma conseqüência direta da erosão. Para se observar se uma região está sofrendo uma erosão muito pronunciada basta que se observe a água das enxurradas e dos rios após as chuvas. Se for barrenta é porque a região a montante está sendo muito erodida. Ao erodir um terreno a água da chuva leva a argila em suspensão, dando a cor amarelo ocre às águas.
Problemas causados pela elevada taxa de Assoreamento a que está sendo submetida a Baía de Guanabara:
a) Elevação do fundo prejudicando a navegação.
b) Alteração da circulação e dos fluxos das correntes internas-meio-ambiente, comprometendo a vegetação da orla (manguezais) e as zonas pesqueiras.
c) Assoreamento da área de manguezais que altera a flutuação das marés pelo avanço da linha de orla, podendo muito rapidamente comprometer este importante ecossistema.
d) O material fino em suspensão na coluna d’água (turbidez), é uma barreira à penetração dos raios solares, prejudicando a biota que realiza fotossíntese e consequentemente diminuindo a taxa de oxigênio dissolvido na água.
Na região da baixada o carreamento intenso de sedimentos provoca o Assoreamento dos córregos, rios e canais, originando inundações muitas das quais, por acontecerem todo ano, já são crônicas na história da região.
Combater as enchentes só será possível portanto, através de uma ação global no conjunto da bacia da Baía. A simples dragagem é uma medida paliativa, pois o material tirado hoje voltará amanhã através da erosão.

Erosão, Assoreamento e Desertificação
As expressões acima muito têm em comum e pode-se dizer que as duas últimas são efeitos cuja causa é a primeira. Por sua vez, a primeira, EROSÃO, é também um efeito que acontece por outras causas. Vamos partir, para melhor explicar, do fim para o início.
A superfície do solo, não castigado, é naturalmente coberta por uma camada de terra rica em nutrientes inorgânicos e materiais orgânicos que permitem o crescimento das vegetações; se essa camada é retirada, esses materiais desaparecem e o solo perde a propriedade de fazer crescer vegetações e pode-se dizer que, no caso, o terreno ficou árido ou que houve uma desertificação. As águas da chuva quando arrastam o solo, quer ele seja rico de nutrientes e materiais orgânicos, quer ele seja árido, provocam o enchimento dos leitos dos rios e lagos com esses materiais e esse fenômeno de enchimento se chama Assoreamento.
O arraste do solo causa no terreno um efeito chamado EROSÃO. Na superfície do terreno e no sub solo, as águas correntes são as principais causas da EROSÃO. Vamos analisar o efeito das águas que fazem a EROSÃO superficial de terrenos.
A EROSÃO depende fundamentalmente da chuva, da infiltração da água, da topografia (aclive mais acentuado ou não), do tipo de solo e da quantidade de vegetação existente. A chuva é, sem dúvida, a causa principal para que ocorra a EROSÃO e evidente é que quanto maior sua quantidade e freqüência, mais irá influenciar no fenômeno. Se o terreno tem pouca declividade, a água da chuva irá "correr" menos e erodir menos. Se o terreno tem muita vegetação, o impacto da chuva será atenuado porque este estará mais protegido, bem como, a velocidade da chuva no solo ficará diminuída devido aos obstáculos (a própria vegetação "em pé e caída") e também a EROSÃO ficará diminuída devido a que as raízes darão sustentação mecânica ao solo; além disso, as raízes mortas propiciarão existirem canais para dentro do solo onde a água pode penetrar e com isso, sobrará menos água para correr na superfície.
Outro fator importante é que, se as chuvas são freqüentes e o terreno já está saturado de água, a tendência é que o solo nada mais absorva e com isso, toda a água da chuva que cair, correrá pela superfície. Se o solo é arenoso o arraste será maior do que se ele fosse argiloso.
Muitas ações devidas ao homem apressam o processo de EROSÃO; se não vejamos:
O desmatamento, pelas razões já citadas, desprotege o solo à chuva.
A construção de favelas em encostas que, além de desmatar, tem a EROSÃO acelerada devido à declividade do terreno.
As técnicas agrícolas inadequadas, quando se promovem desmatamentos extensivos para dar lugar a áreas plantadas.
A ocupação do solo, impedindo grandes áreas de terrenos de cumprirem com seu papel de absorvedor de águas e aumentando, com isso, a potencialidade do transporte de materiais, devido ao escoamento superficial.
Sem levar em conta os efeitos poluidores da ação de arraste, tem-se que considerar dois aspectos maléficos dessa ação:
O primeiro, devido ao Assoreamento que preenche o volume original dos rios e lagos e como conseqüência, vindas as grandes chuvas, esses corpos d’água extravasam, causando as famosas cheias de tristes conseqüências e memórias;
O segundo é que a instabilidade causada nas partes mais elevadas podem levar a deslocamentos repentinos de grandes massas de terra e rochas que desabam talude abaixo, causando, no geral, grandes tragédias.
Considerando, agora, os efeitos poluidores, podemos citar que os arrastes podem encobrir porções de terrenos férteis e sepultá-los com materiais áridos; podem causar a morte da fauna e flora do fundo dos rios e lagos por soterramento; podem causar turbidez nas águas, dificultando a ação da luz solar na realização da fotossíntese, importante para a purificação e oxigenação das águas; podem arrastar biocidas e adubos até os corpos d'água e causarem, com isso, desequilíbrio na fauna e flora nesses corpos d'água.

O Assoreamento poderá extinguir
e estagnar os nossos rios?

Está cada vez mais comum vermos inúmeros artigos alarmistas sobre Assoreamento e os males que ele causa. Muito do que se escreve sobre o assunto é, realmente, preocupante e deve ser olhado com cuidado por todos. No entanto a indústria de notícias pseudo-científicas é grande e são freqüentes os absurdos propalados como dogmas de fé. Um deles se destaca pela freqüência com que é repetido:

O Assoreamento irá matar e estagnar os nossos rios?

De tanto ouvirmos as mais desencontradas notícias sobre o Assoreamento como a grifada acima, resolvemos escrever algumas linhas sobre o assunto desmistificando alguns dos pilares desta indústria do alarmismo que infesta a mídia e a cabeça de muitas pessoas que nela acreditam piamente.

O que é Assoreamento?

Os processos erosivos, causados pelas águas, ventos e processos químicos, antrópicos e físicos, desagregam os solos e rochas formando sedimentos que serão transportados. O depósito destes sedimentos constitui o fenômeno do Assoreamento.

O Assoreamento é um fenômeno moderno?

De forma nenhuma. O processo é tão velho quanto a nossa terra. Nestes bilhões de anos os sedimentos foram transportados nas direções dos mares, assoreando os rios e seus canais, formando extensas planícies aluvionares, deltas e preenchendo o fundo dos oceanos. Incontáveis bilhões de metros cúbicos de sedimentos foram transportados e depositados.
Se este processo fosse filmado e o filme, destes bilhões de anos, condensado em poucas horas nós veríamos um planeta vivo, em constante mutação, onde as montanhas nascem e são erodidas tendo o seu material transportado para os mares que são completamente assoreados por sedimentos que serão comprimidos e se transformarão, por força da pressão e temperatura em rochas que irão formar outras montanhas que serão erodidas ... e o ciclo se repete. Enquanto a terra for quente estes ciclos irão se repetir com ou sem a influência do homem. A medida que o nosso planeta esfriar e as montanhas erodidas não forem substituídas por novas aí sim teremos o fim da erosão e, naturalmente do Assoreamento.

O Homem está acelerando o Assoreamento?

Sim. Infelizmente o Homem através do desmatamento e das emissões gasosas contribui para o processo erosional o que acelera o Assoreamento como pode ser visto nas imagens acima. Mas qualquer fenômeno natural como vulcões, furacões, maremotos e terremotos pode, em poucas horas, causar estragos muito maiores do que aqueles causados pela influência do homem.
Mesmo em vista destes fatos não devemos minimizar a influência do Homem no processo.

Afinal o Assoreamento pode estagnar um rio?

Não. O Assoreamento pode afetar a navegabilidade dos rios obrigando a dragagens e outros atos corretivos, mas, enquanto existirem chuvas a água irá continuar, inexoravelmente, correndo em direção ao mar, vencendo, nos seus caminhos todas as barreiras que o homem ou a própria natureza colocar.
A natureza mostra que é praticamente impossível represar as águas mesmo em situações drásticas como a formação de uma montanha. Um exemplo clássico é o do Rio Amazonas. A centenas de milhões de anos as águas onde hoje é a Bacia do Amazonas corriam para Oeste. Com o soerguimento da cordilheira dos Andes estas águas foram, a princípio impedidas de fluir naquela direção, mas com o tempo mudaram de sentido correndo para Leste, transportando imensos volumes de sedimentos que se depositaram (assoreando) no gigantesco vale tipo "rift" que hoje é chamado de Bacia do Amazonas. Nem por isso o nosso rio deixou de fluir.
Não há como dissociar um rio do seu sedimento. Um não existe sem o outro. O Assoreamento poderá matar os lagos, mas nunca o rio que, enquanto houver o ciclo hidrológico, continuará na sua incansável jornada em direção ao mar.

Assoreamento PODERÁ EXTINGUIR?
Imagem da situação atual do Assoreamento no rio Taquari

A grande quantidade de sedimentos que se depositam ao longo da calha do rio, é fruto principalmente da erosão acelerada pelo incremento das atividades agrícolas nas porções altas da bacia do Taquari. O rio Taquari e o rio Coxim são dois dos principais pesqueiros da região do Mato Grosso do Sul. O Assoreamento, além de modificar as condições ambientais dos cursos d'água, comprometendo a indústria do turismo baseada na pesca esportiva, causa danos também a outras atividades econômicas importantes da região.
O Assoreamento intenso em alguns trechos, tem alterado o curso das águas, causando a inundação de áreas de pastagem inicialmente não sujeita a tal situação. Áreas de manejo ambiental delicado, como as existentes na região do pantanal, podem sofrer impactos significativos de processos geológicos associados à dinâmica erosão-Assoreamento.

INTRODUÇÃO

A construção de uma usina hidrelétrica em canal fluvial faz com que a velocidade do fluxo que adentra o reservatório por ela formado seja drasticamente reduzida, devido ao aumento da seção transversal corrente. Isto provoca queda acentuada, ou mesmo eliminação, da turbulência do fluxo, reduzindo a capacidade do transporte de sedimentos no rio, provocando a sedimentação da carga em suspensão e de arrasto provocando quase sempre assoreamento.
O assoreamento é o principal problema que afeta os lagos implicando na diminuição do volume de água utilizável, e reduzindo a quantidade de energia gerada, tendo como causa principal a água da chuva que transportam sedimentos em suspensão ou diluição e que são retidos através da sedimentação/decantação e pelo atrito com a superfície de fundo. Os sedimentos, sujeitos ao arrasto, são retidos na entrada do reservatório e nos afluentes formando um delta pluvial. Esses sedimentos são originados do solo exposto devido à retirada da vegetação e esgotamento do mesmo pelo uso inadequado, ocasionando o assoreamento dos reservatórios.
Todos os reservatórios, qualquer que seja sua finalidade, destinação, tamanho e características de operação estão fadados a ter a sua capacidade de armazenamento parcial ou totalmente tomados pelos sedimentos, proporcionando o processo de assoreamento.
A análise do processo de assoreamento deve fazer parte das atividades dos projetos de construção e manutenção, sendo indispensável uma correta colocação dos órgãos de tomada de água, para prevenir eventuais dificuldades de operação, ou mesmo de interrupções no aprovisionamento da água.
No Brasil, cerca de 95% da energia elétrica é gerada por aproveitamento hidrelétrico (CARVALHO, 2000; CARVALHO et al, 2000), fazendo com que os estudos sedimentológicos sejam particularmente importantes para que seja garantida a mitigação dos efeitos de assoreamento dos reservatórios.
Na atualidade, um grande número de reservatórios brasileiro se encontram totalmente ou parcialmente assoreados, principalmente os de pequeno e médio portes. Normalmente, o estudo da produção de sedimentos é calculado a partir de programas de monitoramento da descarga sólida ou através da medição do volume de sedimentos acumulados em reservatórios e lagos, sendo ignorada a distribuição granulométrica, análise espacial e temporal dos mesmos dentro do reservatório.
No ano de 2002 o Brasil enfrentou uma grave crise nesse setor, defrontando-se com reservatórios em níveis operacionais limitantes, devido à diminuição do índice pluviométrico (ANEEL, 2003).
Neste contexto, o objetivo do estudo é realizar uma discussão crítica sobre o processo de assoreamento dos reservatórios brasileiros, visto que o conhecimento do estado atual é um dado de grande importância para o planejamento e gerenciamento futuros dos recursos hídricos das bacias hidrográficas Brasileira.

Histórico sobre o estudo de assoreamento

Pesquisas especificamente relacionados a assoreamentos de reservatórios começaram a aparecer com regularidade na literatura internacional durante a década de 30, através dos trabalhos de FIOCK (1934), GROVER & HOWARDS (1938); EAKIN (1939). No Brasil a partir de 1981 é que foi dado maior ênfase ao problema, através dos trabalhos desenvolvidos por PONÇANO et al. (1981); GIMENEZ et al. (1981); CARLSTRON FILHO et al. (1981) que apresentaram resultados de estudos desenvolvidos pelo IPT em convênio com a Eletrobrás, nos reservatórios de Capivari (PR), Passo Real e Ernestina (RS), onde apresentaram um método de análise de assoreamento de reservatórios.
De acordo com VILELA & MATTOS (1975) existem duas escolas que estudam o transporte de sedimentos e deposição: a) Escola determinista, que procura equacionar o fenômeno físico do transporte de sedimentos, pertencente aos pesquisadores como Du Boys, Eisnten, Kennedy, Vanoni, Brooks e outros; b) Escola Estocástica, que procura relações entre as variáveis através e diretamente de dados medidos em campo. Os pesquisadores que fazem parte desta escola são: Blench, Conti, Colby e outros.
Segundo CARVALHO (1994 e 2000) a sedimentação é um processo derivado do sedimento, abrangendo a erosão, transporte nos cursos d`água e deposição dos sedimentos, sendo comum referir-se à sedimentação somente aos aspectos de assoreamento de reservatórios, pois no estudo do processo de assoreamento, busca-se compreender os procedimentos existentes para a previsão da evolução do fenômeno ao longo dos anos, visando determinar a vida útil.
O equacionamento do problema exige o conhecimento sobre a produção de sedimentos, bem como suas áreas fontes. Assim devemos levar em consideração o conhecimento das relações entre os usos dos solos, a erosão e sedimentação no reservatório.

Causas e conseqüências do assoreamento

Todo curso d`água normalmente apresenta um equilíbrio em relação ao transporte de sedimento, seja por arrasto e saltitação junto ao leito, seja em suspensão na corrente, e existe uma tendência natural para que este seja depositado quando o fluxo natural de sedimentos ao encontrar água com menor velocidade (alteração do fluxo) começa a se depositar, conforme a maior ou menor granulação das partículas e a menor ou maior turbulência do escoamento. (GLYMPH. 1973, CARVALHO. 2000).
Quando o homem constrói um reservatório, altera-se a característica hidráulica do trecho compreendido entre a barragem e a seção à montante, muda-se o estado de equilíbrio do fluxo, ocasionado pela construção, conduzindo-se a uma série de transformações no processo fluvial, proporcionado-se a desaceleração do movimento das partículas na direção da corrente, fazendo com que as partículas sólidas como pedregulhos e areias grossas se depositem mais próximas da entrada do reservatório (final do remanso), quanto maior o seu diâmetro.
As partículas mais finas, em cuja sustentação a viscosidade exerce papel relevante, ou vão se depositar no trecho mais baixo do reservatório ou permanecer em suspensão alcançando os órgãos de descarga (LOPES, 1993; MORRIS & FAN. 1997; CARVALHO, 1994 e 2000 ).
Segundo RAMOS (1999) existem duas modalidades de transporte sólido em suspensão, uma corresponde à carga de lavagem da bacia e outra correspondente ao transporte do material que compõem o material do leito.
No caso da carga de lavagem, o material em geral é muito fino, com dimensões na faixa de silte e argila, e se mantém quase que permanentemente em suspensão, não chegando a se depositar. A fração mais grossa da carga de lavagem, ao adentrar no reservatório pode chegar a se depositar, dependendo do tempo de residência ou de outros fatores de natureza físico – química que possa favorecer a floculação e, conseqüentemente, a decantação.
Já a fração mais fina pode manter-se em suspensão por mais tempo em forma até de suspensão coloidal, e atravessar os limites do barramento, não chegando a assorear. Já os sedimentos em suspensão provenientes do leito do rio, são ligeiramente mais graúdos, nas faixas da areia fina.
Para GLYMPH (1973) a quantidade de sedimento depositada em um dado reservatório depende da quantidade de material em suspensão enviada para o mesmo e da capacidade do reservatório reter as partículas em suspensão.

De acordo com BRUNE & ALLEN (1941) os principais fatores que influenciam a deposição dos sedimentos em reservatórios são:

A quantidade de sedimentos que adentra no reservatório;a capacidade de retenção do reservatório;a quantidade de sedimentos acumulado no mesmo;o modo de operação do reservatório.
Segundo VANONI (1977) a deposição e a distribuição dos sedimentos dentro de um reservatório dependem de vários fatores como, declividade de escoamento, a geometria do reservatório, o modo como este é operado, as características minerais das partículas finas e as características química das águas.

Para CARVALHO (2000) vários fatores influenciam a formação dos depósitos, sendo que os principais são:

Sedimentos afluentes;
Eficiência de retenção do sedimento no reservatório;
Densidade dos depósitos;
e Volume de sedimento depositados.

Já os fatores que contribuem para o transporte dos sedimentos são vários, podendo ser citado como principais:

Quantidade e intensidade das chuvas;tipo de solo e formação geológica;cobertura e uso do solo;topografia;erosão das terras;escoamento superficial;característica dos sedimentos; eas condições morfológicas do canal.
Com relação ao transporte e a velocidade de sedimentação, verifica-se que existem diferenças de um reservatório para outro, sendo esses processos condicionados pela vazão, tempo de residência e seção transversal dos rios que formam o reservatório, alem da característica morfométrica do sistema, localização e uso da bacia hidrográfica.
À medida que a deposição de sedimentos aumenta, a capacidade de armazenamento do reservatório diminui, a influência do remanso aumenta para montante, as velocidades no lago aumentam e maior quantidade de sedimentos passa a escoar para jusante diminuindo a eficiência de retenção das partículas, demonstrando que a evolução de fundo do reservatório depende fortemente da geometria do reservatório e do tamanho do sedimento depositado (MORRIS & FAN. 1997; TARELA & MENÉNDEZ, 1999; CARVALHO, 2000).
Para LOPES (1993), mesmo quando não se verifiquem volumes significativos de depósitos dentro da porção útil do reservatório, o assoreamento ameaça com dois outros problemas principais: a) a impossibilidade de operação de comportas de órgãos de adução e descarga, devido ao acumulo de material junto à barragem; b) o prolongamento do efeito de remanso, com a conseqüente elevação de níveis de enchente a montante, devido a depósitos de material grosseiro na entrada do reservatório, uma vez que o prolongamento de remanso implica na perda efetiva de capacidade útil.
É, também, muito freqüente ocorrer em áreas de remanso de lagos e reservatórios, a forma de deltas arenosos, que por sua vez auxiliam na retenção dos sedimentos vindos de montante. Os materiais argilosos são transportados mais facilmente para o interior dos lagos, sendo os primeiros a atingirem a tomada d'água nos reservatórios.
De acordo com MORRIS & FAN (1997) e CARVALHO (2000), à medida que o tempo decorre, os impactos do assoreamento se tornam mais severos e mais fáceis de serem constatados, mas de difícil solução. São esperadas conseqüências tanto a montante quanto à jusante.

Para LOPES (1993); CARVALHO (1994 e 2000) os parâmetros envolvidos nas estimativas de assoreamento são:

Carga de sedimentos

Que é a quantidade de material sólido afluente de uma dada seção num curso d’água, podendo ser dividida em carga de leito (fundo e suspensão) e wash load (carga de lavagem).

Eficiência de retenção de sedimentos

Que é a razão entre a carga sólida que se deposita no leito do reservatório e a carga sólida total afluente. O valor da eficiência de retenção de sedimentos num reservatório pode ser obtido a partir de medições sistemáticas das descargas sólidas afluentes e a jusante da barragem;

Peso específico dos depósitos de sedimentos

Que é a relação entre o peso seco do material e o volume ocupado pelo depósito. A estimativa deste parâmetro é necessário para a transformação da carga sólida retida em volume sedimentado.

ICOLD (1989) apresenta as seguintes recomendações para o controle do assoreamento de reservatórios que são:

Conhecer o local da produção de sedimentos;
Da deposição dos sedimentos;
Controlar da deposição.

De acordo co SHEN & LAI (1996) o processo de assoreamento pode ser controlado e reduzido através de três medidas:

Redução da quantidade final de sedimentos que entra no reservatório por meio do controle da erosão da bacia e da retenção de sedimentos;
Remoção dos sedimentos por meios mecânicos, como dragagem;
e Passagem do escoamento carregado de sedimentos através do reservatório e posterior liberação por descarga de fundo localizada na barragem.

Conforme a sua localização no reservatório, os depósitos são geralmente classificados segundo VANONI (1977), LOPES (1993) e CARVALHO (2000) como:

Deposito de remanso (backwater deposit)

Constituem em princípio dos materiais de maior granulometria, como seixos, que se depositam no final do remanso, ligeiramente acima do nível máximo do reservatório. Teoricamente esses depósitos podem progredir tanto para dentro do lago como a montante pois, conforme o depósito cresce, o efeito de remanso se estende, esse crescimento será limitado, entretanto, à medida que o escoamento ajusta seu canal através dos depósitos, atingindo uma relação largura – profundidade ótima, seja pela eliminação dos meandros, seja pela variação da forma do fundo. O impacto causado por este tipo de depósito são as enchentes a montante.

Deltas

A variação do nível d`água é quem condiciona a formação do delta, que possui partículas do tamanho de areia ou maiores que geralmente se depositam logo que o escoamento penetra o reservatório. Este tipo de depósito reduz gradualmente a capacidade útil do reservatório.

Depósito de Fundo ou leito (botton – set deposit)

Reduzem o volume morto do lago através das partículas de silte e argila que são geralmente transportadas para jusante dos deltas e se depositam no trecho mais baixo do reservatório. A forma desses depósitos depende principalmente das características minerais das argilas e das características químicas da água.

Depósito de margem (overbank)

Provocado pela deposição dos sedimentos trazidos pelas ondas da água e pelo vento.

Depósito de várzea ou de planície de inundação

Produzido pelas enchentes, ocorrendo ao longo do curso d`água e do reservatório, formado por sedimentos finos e grossos.
PONÇANO et al. (1981) descrevem que as medidas corretivas e preventivas do assoreamento requerem estudos específicos, considerando-se a dinâmica sedimentar desde as áreas fonte até as áreas de deposição. Esses estudos devem contemplar amostragens diretas (testemunhas obtidas por draga e piston core) e indiretas, como nos estudos realizados por SAUNITTI (2003) através de dados geofísicos e ensaios laboratoriais, além da caracterização qualitativa e quantitativa dos depósitos.
As medidas preventivas pressupõem o controle e a prevenção da erosão nas áreas de produção de sedimentos e a corretiva, pressupõe-se a dragagens, aproveitamento mineral dos depósitos e obras hidráulicas específicas.

Avaliação de assoreamento

Quanto à medição do assoreamento de um reservatório, pode-se utilizar vários métodos como a de previsão de assoreamento através da proposta de CARVALHO et al (2000), método da planimetria das curvas batimétricas descrita em VANONI (1977) e MORRIS & FAN (1997) e através do método proposto por PONÇANO et al.(1981); GIMENEZ et al.(1981); CARLSTRON FILHO et al.(1981), aperfeiçoados por LOPES (1993) no reservatório de Americana e SAUNITTI (2003) no reservatório de Passaúna – PR, mediante estudo realizado com amostrador Piston Core, que obtém testemunhos verticais poucos deformados, demonstrando que é possível correlacionar o material depositado com as área-fonte, sabendo-se também a espessura da camada depositada em cada ponto amostrado.
Segundo CARVALHO (2000), e CARVALHO et al (2000) o Brasil possui reservatórios parcialmente ou totalmente assoreados, sendo que a maior parte desse aproveitamento continua em operação mas com problemas diversos decorrentes do depósito de sedimentos. Como exemplo podemos citar o estudo realizado por COELHO (1993) na represa de Salto Grande, em Americana - SP, que possui um volume morto de aproximadamente 65% do seu volume total e perda anual média de 0,22% deste volume, equivalente a pouco mais de 235.000m3, pressupondo que as taxas de erosão na bacia de captação permaneçam em níveis próximos aos atuais. Seriam necessários 240 anos para o preenchimento por sedimentos de um volume equivalente ao seu volume morto, e aproximadamente 400 anos para o assoreamento total.
ALVIM & CHAUDHRY (1987) na pesquisa intitulada “Modelo Matemático do Assoreamento de Reservatórios” apresentaram um estudo de previsão da distribuição dos sedimentos e conseqüente modificação da geometria do fundo de reservatórios ao longo de tempo. Para isto, desenvolveram um modelo matemático de processo de sedimentação com a utilização de balanço de massa aplicada em um escoamento permanente bidimensional de fundo inclinado. Esta equação foi resolvida numericamente pelo método de diferenças finitas, para a obtenção dos perfis de concentração ao longo do eixo longitudinal do reservatório.
A integração de tais perfis possibilitou a determinação de curvas que expressam as remoções longitudinais de sólidos em suspensão, utilizadas pela avaliação dos depósitos de fundo. A localização definitiva dos depósitos foi condicionada à ocorrência da condição critica de tensão de cisalhamento no fundo segundo critério de Shields proposto em 1936.
Na Simulação do transporte de sedimentos no reservatório de Pirapora, ALVIM & RIGHETTO (1993) estimaram as prováveis alterações na configuração dos depósitos de sedimentos do reservatório de Pirapora, decorrentes de um rebaixamento do nível de água. Utilizou-se um modelo matemático do processo de arraste sólido em escoamento permanente e parcialmente tridimensional, para simulação da distribuição de velocidades e tensões de atrito, e indicação dos depósitos que estarão sujeitos à erosão , quando o nível dágua estiver rebaixado.
A partir de levantamentos aerofotogramétrico anterior à construção da barragem, estimou-se também a evolução dos depósitos de fundo ao longo do tempo, buscando a geometria estável das seções transversais. Os resultados obtidos foram comparados com levantamentos batimétricos recentes, os quais indicaram um estágio avançado de assoreamento do reservatório, que possui aproximadamente 40 anos de existência.
BUFON (1999), através de levantamentos topobatimétricos, estudou o tempo de vida útil da represa Velha em Pirassununga – SP. Foram comparadas medidas efetuadas em 1998 com as inicias, obtidas na construção da repesa em 1940, onde se verificou uma perda de profundidade em termos de valores máximos (5m) e médios (2m), sendo o tempo de vida útil previsto para 230 anos.
Podemos destacar também os trabalhos desenvolvidos por CARVALHO & CATHARINO (1993) de um programa de estudos sedimentológicos para o reservatório de Itaipu apresentando a previsão do assoreamento e vida útil do reservatório com indicação da altura de sedimento no pé da barragem para 100 anos e o tempo em que o depósito alcançaria a soleira da tomada d’água.
Também foi apresentada a distribuição de sedimentos em 100 anos de depósitos através de novas curva cota-área-volume. O método empregado na pesquisa foi o de redução de área de Borland e Miller, fazendo uso dos critérios de Brune para obtenção da eficiência de retenção de sedimentos do lago, e dos critérios de Lara e Pemberton para avaliação do peso específico aparente dos depósitos, o que é apresentado por. STRAND (1974) na publicação “Design of Small Dams”, do U. S. Bureau of Reclamation.
Por fim os resultados são comparados com os valores avaliados por Einstein e Harder no estudo de viabilidade e apresentada uma crítica da qualidade dos dados utilizados para cálculo dos deflúvios sólidos.
LINSLEY & FRANZINI (1978) consideram que o tempo de vida útil de um reservatório termina quando o volume assoreado for suficiente para impedir que o reservatório seja utilizado de acordo com os propósitos para os quais foi construído, considerando para efeito de estimativa geral um volume equivalente à perda de 80% do volume útil do reservatório.

Vista de satélite de rios com seus leitos devastados pela
garimpagem aluvionar predatória na Amazônia

Detalhes de um leito de rio
após a lavra aluvionar predatória.